Tecnologias assistivas resgatam autoestima e reduzem exclusão social
Projeto de acessibilidade digital pretende tornar acessíveis sites e sistemas informatizados do IFS
Como tantos outros jovens de sua idade, Deivid Torquato acorda cedo todos os dias para ir à escola. Morador da cidade de âԳ, ele tem 19 anos e é aluno do curso integrado em Edificações do Instituto Federal de Sergipe (IFS). A rotina de Deivid é praticamente igual à de milhares de outros brasileiros, não fosse o fato de que, para se comunicar, ele conta com o auxílio de uma intérprete em Libras – a presença da profissional é essencial para que o aluno, que tem deficiência auditiva, consiga ter cada vez mais autonomia em seu processo de aprendizagem. É pensando em facilitar a vida de jovens como Deivid que o 糵vem criando ações de acessibilidade que ajudem na independência desses estudantes, sejam elas arquitetônicas, de atitude ou digitais. A mais recente ação do instituto neste sentido foi a realização do I Encontro de Acessibilidade Digital, realizado no Auditório do Pronatec, na última segunda-feira, 17.
Presente na ocasião, o reitor do IFS, Ailton Ribeiro de Oliveira, ressaltou que a questão da inclusão social sempre foi uma prioridade na instituição. “Tanto é que participamos de diversos projetos, como o de cães-guia, cujo centro de treinamento será entregue em breve. Agora, por meio da nossa Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), estamos dando início a um projeto de acessibilidade digital, a fim de fazer com que todas as pessoas tenham igualdade de acesso aos nossos sites e sistemas”, diz.
Projeto
Fernando Lucas de Oliveira, diretor de Tecnologia da Informação do IFS, conta que o projeto de acessibilidade digital tem o intuito de garantir que todos tenham acesso aos sites e sistemas do instituto. “Para isso, iremos desenvolver padrões que sejam mais acessíveis, seguindo o modelo brasileiro denominado e-MAG. Isso tudo ainda é muito novo para nós, da DTI, e o objetivo deste encontro é justamente ampliar o nosso conhecimento sobre o tema”, afirma.
Segundo Jário Alves, bolsista responsável pelo projeto, o e-MAG é o modelo que vai guiar o processo de implantação da acessibilidade nos sítios do instituto. “A nossa previsão é de que consigamos atingir 80% dos sites e sistemas informatizados da instituição. Iniciamos o projeto em março deste ano e devemos finalizar os trabalhos em dezembro. No momento, ainda estamos na fase de absorção do conteúdo relativo ao e-MAG, mas já em maio devemos iniciar o processo de implantação da acessibilidade”, explica.
Meios deficientes
O vereador Lucas Aribé, um dos palestrantes do encontro, ressaltou que a deficiência não está nas pessoas, e sim no meio. “A sociedade precisa estar preparada para lidar com a diversidade humana. O Brasil ainda está muito atrasado no que diz respeito aos direitos humanos, temos um nível de exclusão social altíssimo. É preciso promover a acessibilidade plena, tanto na comunicação e na arquitetura quanto no ambiente digital e em nossas atitudes”, ressalta. Ele aproveitou para parabenizar o 糵pela iniciativa do encontro e pela preocupação em se preparar para receber o aluno com deficiência. “O número de alunos com algum tipo de deficiência será cada vez maior a cada dia, porque agora eles estão saindo de casa, buscando qualificação. Se o 糵for plenamente acessível, não teremos mais nenhuma pessoa com deficiência na instituição”, destaca o vereador.
A pedagoga e chefe do Departamento de Assistência Estudantil do IFS, Vera Trindade, lembrou algumas ações da Diretoria de Assistência Estudantil (DIAE) relacionadas à acessibilidade. “Temos buscado, desde o ano de 2016, uma aproximação maior com os Núcleos de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNEs) e já realizamos um curso de educação inclusiva, que contou com 40 participantes”, relata. No mês de março, foi promovido um encontro que teve como tema a preocupação do 糵na eliminação de barreiras arquitetônicas e atitudinais, a fim de ampliar a inclusão das pessoas com deficiência. Recentemente, o 糵realizou um processo seletivo através do qual foram contratadas duas intérpretes de Libras, que atualmente assistem alunos do Campus âԳ.
Para Ramoniele dos Santos, uma das intérpretes selecionadas, estimular a autonomia das pessoas com deficiência é fundamental no processo de aprendizagem, já que há a necessidade constante da presença de uma pessoa que interprete as informações e transmita a eles. “Mas, quanto mais eles puderem ter autonomia para buscar o conhecimento, por meio de tecnologias assistivas, eles irão ampliar seus horizontes, a autoestima e, consequentemente, sua qualidade de vida”, enfatiza.
Enquanto todas essas ações que intencionam ampliar a acessibilidade estão sendo implantadas no IFS, o aluno Deivid segue fazendo planos. Como todo jovem estudante, ele pretende se aperfeiçoar cada vez mais, concluir o curso técnico no instituto, fazer uma graduação. E continuar sonhando.
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