História de mulher com mais de 40 filhos inspirou reflexões sobre solidariedade
Maria dos Prazeres Santos Fraga, ou dona Lia, 67 anos, itabaianense, mãe de 41 filhos, dos quais 5 biológicos, tem uma história marcada pelos vários desafios de ser mulher. Tripla jornada, relacionamento abusivo, machismo e dificuldades financeiras compõem um lado da sua biografia. O outro é formado por generosidade, carinho, altruísmo e muito amor. A vida de dona Lia foi o ponto alto das comemorações do Dia Internacional da Mulher do Instituto Federal de Sergipe – Campus Itabaiana, no último dia 8 de março, e motivou reflexões sobre a solidariedade humana e os desafios de gênero na sociedade contemporânea.
A partir dos relatos de Maria dos Prazeres, os participantes do encontro refletiram sobre os vários temas que impactam na vida das mulheres e suas lutas por uma sociedade mais justa, igualitária e solidária. Aos 19 anos, no início da década 70, dona Lia teve o primeiro filho em um casamento cujas circunstâncias da vida não permitiram continuidade. O segundo marido, porém, representou o ponto de inflexão na sua história. Com ele, foi mãe mais quatro vezes e conheceu de perto as aflições de estar envolvida em um relacionamento conturbado e abusivo.
“Com cinco filhos, eu estava arrasada e desesperada, à procura de uma solução. De joelhos, prometi a Deus que, se eu conseguisse ajuda, adotaria uma criança e passaria a amparar outras como forma de gratidão”, relembra, emocionada, dona Lia. A partir da turbulência causada pelo casamento, ela conta que descobriu uma das mais belas missões da vida, que é a prática do amor ao próximo. “Para compreender qual era a missão divina para minha vida, ao ligar o rádio ouvi uma nota na qual dizia que uma mãe, por falta de condições, estaria oferecendo uma criança para adoção”. E assim veio o primeiro dos 36 filhos adotivos da filantropa itabaianense.
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A casa de dona Lia, preparada para cinco pessoas, foi ficando menor à medida em que os gestos de solidariedade iam acontecendo. Com o tempo, ela transformou a sua ação individual em uma causa e, com o apoio de amigos, comprou um terreno e construiu o que hoje é o Lar Menino Jesus, instituição já reconhecida localmente pelo trabalho desenvolvido em prol dos que necessitam de ajuda. Dos seus mais de 40 filhos, grande parte se formou e ajuda a mãe na sua missão filantrópica, mas o maior número de donativos para o espaço ainda é obtido através da mobilização de dona Lia no município.
O sorriso que dona Lia carrega no rosto é a prova da intensidade com a qual cumpre seu nobre ofício e é o estímulo para não desistir quando, às vezes, não consegue sensibilizar novas pessoas acerca da sua causa. Ao ser perguntada qual o seu prazer, além do trabalho no Lar Menino Jesus, ela não hesita na resposta: “É quando reúno os meus filhos “debaixo das minhas asas” em minha casa, que não tem luxo, nem boemia, mas corações cheios de amor que conheceram ao longo da vida a alegria de ajudar ao próximo”.
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O evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher recebeu o nome de “Dei (CHÁ) com elas e com eles também” e contou com a exibição do documentário “Um sonho impossível?”, durante a qual os participantes refletiram sobre os vários temas que impactam na vida das mulheres e debateram as situações cotidianas que levam a reprodução práticas machistas, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele. Após o debate, foi realizado um chá como forma de confraternização entre os presentes.
Viviane Peixoto, técnica em assuntos educacionais do Campus Itabaiana, foi uma das participantes e considerou o evento produtivo por falar do papel e da importância da mulher na sociedade. “Um momento como esse é de grande valia para esse gênero que luta por equidade, respeito e por direitos iguais. Além disso, foi válido por abrir espaço para reflexões, diálogos e conscientização, visto que a mulher necessita de senso crítico para se autodefender”, avalia Viviane.
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