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Encontro aborda violências de gênero e racial como problemas de saúde pública no Brasil

Escrito por GERALDO BULHOES BITTENCOURT FILHO | Publicado: Sexta, 23 de Novembro de 2018, 11h07

3Evento fez parte das atividades do projeto de extensão Saúde e Cidadania na Escola

A cada 19 horas, um LGBT morre de forma violenta por motivação homotransfóbica no Brasil. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), até outubro de 2018 ocorreram 346 mortes de membros do grupo por crime de ódio no Brasil, que segue como o país que mais mata pessoas sexodiversas no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de feminicídio brasileira é a 5ª maior do mundo e o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, mais de 100 mil mulheres morreram apenas por questões de gênero. As negras são ainda mais violentadas: entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período – cabe ressaltar que, muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.

2Os dados alarmantes ligados a questões de gênero e raciais motivaram a realização de um debate com estudantes que propôs o desenvolvimento de formas de enfrentamento do problema. O encontro aconteceu ontem, 22, no Instituto Federal de Sergipe – Campus Itabaiana e fez parte das atividades do projeto de extensão Saúde e Cidadania na Escola, que visa a promoção de saúde e foi idealizado pela enfermeira Thialla Andrade Carvalho.

“O Brasil experimenta um modelo de transição epidemiológica diferente de outros países. Convivemos com uma agenda não concluída de doenças infecciosas, desnutrição, mas também observamos o crescimento dos casos de doenças crônicas, das causas externas e da violência em suas diferentes formas”, alerta Thialla, que entende a escola como espaço privilegiado para promoção de cultura de respeito às diferenças e diversidades sexuais e de gênero.

Proposta

Para compor a programação, foram convidados profissionais e acadêmicos para compor a mesa-redonda intitulada “Violência de gênero e saúde”, bem como para estimular o debate com a comunidade acadêmica. Um deles foi o professor Moisés Santos de Menezes, que também aproveitou o evento para lançar o livro “Os não recomendados: A violência Contra a População LGBT em Sergipe”.

De acordo com Moisés, a discussão sobre a violência contra a população LGBT nas escolas é importante uma vez que não existe combate à violência homofóbica e transfóbica sem e educação. “É preciso conversar com a população, visto que as agressões nascem do machismo, do racismo e dos vários tipos de discriminação social; no processo de conversa com os alunos é possível passar a noção de que a diversidade é humana e precisa ser respeitada”.  A obra do docente é a primeira lançada no Brasil que trabalha com casos oficiais de homofobia e transfobia e foi feita através de pesquisas com pessoas que denunciaram a violência na Secretaria de Segurança Pública do estado de Sergipe.

Participaram do evento também a professora do IFS, Aline Ferrreira da Silva Costa, e o enfermeiro do IFS, Caique Jordan Nunes Ribeiro.

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