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Stop Bullying chega à última fase propondo reflexão sobre diversidade de gênero

Criado: Quarta, 11 de Janeiro de 2017, 17h46 | Publicado: Quinta, 15 de Setembro de 2016, 13h58 | Última atualização em Quarta, 11 de Janeiro de 2017, 17h46
IMG 8576 siteA comunidade acadêmica do Instituto Federal de Sergipe - Campus Itabaiana teve a oportunidade de se envolver em um projeto inovador que buscou colocar discussões atuais e complexas ao alcance, principalmente, dos alunos, o Stop Bullying. Como o próprio nome sugere, a proposta era a de gerar informação qualificada e embasada cientificamente para eliminar preconceitos e, principalmente, violências físicas. O projeto já lançou luz sobre questões como o preconceito étnicorracial, a gordofobia e a autoimagem. Agora, será a vez da LGBTFobia, ou seja, o preconceito voltado às pessoas das mais diversas orientações sexuais. O idealizador do projeto é o psicólogo Emerson Feitosa Lins, que conversou com a Assessoria de dzܲԾçã Social do Campus Itabaiana sobre as percepções e os desdobramentos da iniciativa.
 
 
As temáticas abordadas no projeto, apesar de conhecidas, são pouco discutidas, como a autoimagem e a gordofobia. Já as questões étnicorraciais permeiam a vida brasileira desde os tempos do império. Como surgiu a idéia de criar um projeto que abordasse, em cada etapa, um desses temas? E por que esses assuntos foram os escolhidos?
A ideia de criar um projeto que abordasse cada um desses temas veio a partir da identificação das demandas trazidas nas relações interpessoais construídas na própria realidade do campus. Através do diálogo com os estudantes e com outros servidores técnico-administrativos e docentes, brotou a ideia de um projeto que pudesse englobar materiais impresso e escrito confeccionados pelos próprios alunos e rodas de conversa temáticas.
 
O projeto Stop Bullying constou de cartazes, materiais impressos, desenhos, rodas de conversa, discussões informais e recursos audiovisuais. De que forma a utilização de todas essas ferramentas de comunicação conseguiu atingir e esclarecer o corpo discente?
O uso dessas ferramentas proporcionou aos discentes participantes a possibilidade de refletirem a respeito desses temas. Como a execução do projeto também deu a chance dos alunos produzirem seus próprios cartazes e opinarem a respeito do tema de cada semana, foi possível, para eles, se expressarem tanto através da linguagem verbal (discussões, escrita de frases etc) quanto não-verbal, através da produção de ilustrações. A escola é um lugar onde a expressividade e a criatividade precisam ser estimuladas. Se isso pode ser feito de uma forma onde uma reflexão esteja atrelada, melhor.
 
IMG 7810 2 siteEm que nível de esclarecimento sobre os temas você encontrou os estudantes do Campus Itabaiana? E quais as contribuições que o projeto trouxe para eles? Você já conseguiu observar algum avanço?
Os estudantes do Campus Itabaiana já tinham conhecimento prévio sobre cada um desses temas, cada um à sua maneira singular e de acordo com seu contexto de vida. Com base em suas vivências, relatos, experiências e opiniões, foi possível promover um maior aprofundamento e esclarecimento diante daquilo que já existia e que foi trazido pelos mesmos desde o início de cada etapa do projeto. Um dos maiores avanços é, de fato, conseguir introduzir temas ainda pouco explorados na escola e, com isso, perceber os estudantes se engajando e participando.
 
Estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso-Brasil), Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação a Ciência e a Cultura (OEI) e o Ministério da Educação apontaram que 19,3% dos estudantes do ensino médio das escolas públicas disseram que não queriam ter um colega na escola que fosse homossexual, travesti, transexual ou transgênero. Como uma instituição de ensino deve lidar com essa preocupante estatística?
A instituição de ensino deve oportunizar espaços de escuta, de reflexão e troca de ideias. Quando emergem situações onde há dificuldade de lidar com a diversidade, a escola pode se mobilizar e realizar ações que envolvam o corpo docente, discente e os demais integrantes da escola. Porém, nada impede que isso seja feito de forma preventiva, antes que se instale alguma dificuldade de relação interpessoal mais perceptível.
 
IMG 7802 1 siteO 糵– Campus Itabaiana está preparado para ter, por exemplo, no ensino médio integrado, um estudante transgênero? Haveria algum tipo de trabalho específico de conscientização com o corpo discente ou o ideal, em casos como esse, é agir na medida em que fossem detectados os primeiros sinais de bullying?
A preparação para lidar com o que é considerado diferente é contínua. É preciso dialogar, problematizar e refletir sobre ideias e percepções construídas socialmente. A partir do momento em que passam a existir ações nesse sentido dentro da escola, inicia-se a preparação. É interessante conversar sobre o assunto a qualquer tempo, porque ainda que a escola não possua estudantes transgêneros, tais pessoas estão presentes na nossa sociedade e se faz necessário lidar com as mesmas adotando uma postura empática, pautada no respeito. Muitas vezes, o preconceito é fruto de um desconhecimento.
 
O Stop Bullying encerra, após duas fases, com a discussão sobre LGBTFobia. Após esse projeto, haverá continuidade em relação a conscientização sobre essas temáticas de algum outra forma?
A proposta é continuar explorando esses temas, intercalando-os com outros que serão trabalhados de acordo com as demandas que forem emergindo e sendo identificadas na atuação do psicólogo escolar, ao observar as relações interpessoais no campus.
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