Do peixe ao leite: estudantes do Mulheres Mil aprendem técnicas de processamento de alimentos
Elas são esposas, mães e donas de casa que trabalham com afinco para manutenção da família. São lavadeiras, marisqueiras, brincantes de folguedos populares, mas, sobretudo, indivíduos em busca da qualificação profissional e otimização da aprendizagem oriunda do exercício diário. Alunas atuantes do 'Mulheres Mil', do Instituto Federal de Sergipe (IFS)- Campus São Cristóvão, têm encontrado, na abordagem prática do programa, o conhecimento agregado para a profissionalização e a melhoria da qualidade de vida da comunidade. A partir do encerramento das aulas teóricas, a dedicação, nas últimas semanas, tem sido dirigida às aulas práticas.
Com o foco no processamento de alimentos tradicionais e segurança alimentar, mas sem excluir o conhecimento prévio, os docentes construíram a plataforma de trabalho de modo a conciliar a técnica aos diversos tipos de saberes. De acordo com a professora Rafaela Santos, há preocupação com a qualidade do produto e a segurança no processo de produção. A temática é ministrada de forma que os itens desenvolvidos possam ser produzidos em casa, para consumo da família, e na perspectiva da geração de renda.
A turma foi dividida estrategicamente, durante as aulas práticas, para auxiliar o processo de aprendizagem e permitir a troca de experiências em prol do crescimento coletivo. O conteúdo didático envolveu técnicas de processamento do pescado, através da prática de cortes especiais, e do leite, com a produção de derivados.
Atividades
Elaboração de filés, costelinhas e retirada da pele do peixe para utilização dos seus resíduos foram algumas das abordagens apresentados nas aulas. “A atividade representa, para as mulheres, a oportunidade de contato com o pescado, praticando cortes diferenciados e variados. Além disso, puderam obter conteúdos acerca da diversificação de produtos a base de pescado, bem como o seu aproveitamento total”, destaca o professor João Bosco, responsável por ministrar a disciplina. Ao final dos trabalhos, as estudantes prepararam um prato baseado no peixe cru marinado em suco de limão, o 'seviche de tambaqui', numa aula onde os ingredientes mais relevantes foram a acessibilidade e a inclusão das participantes.
Com proposta semelhante, visando a geração de renda e empoderamento da mulher, a disciplina dirigida ao processamento do leite agregou o conhecimento técnico aos saberes rotineiramente praticados pelas mulheres. “As alunas se envolveram com o trabalho. Produzimos queijos, doces, iogurtes. Produtos que, quando fabricados por elas, representarão, pelo fato de terem filhos e netos, economia no orçamento doméstico”, aposta a professora Rafaela. No caso dos laticínios, o soro gerado pelo leite processado também pode ser reaproveitado, gerando novos produtos como bebida láctea e ricota.
A qualificação profissional, objetivo do programa, além de elevar a autoestima da educanda, proporcionará, de maneira mais ativa, a construção da renda familiar. “A minha mãe me ensinou a fazer doce de leite, mas no 糵possível conhecer outros tipos do doce. Vou produzir para vender”, diz Maria Vasconcelos, estudante do programa.
Para Dilma Amaral, aluna do Mulheres Mil, o aprendizado adquirido é resultado do trabalho desenvolvido pela equipe. “Agradecemos a professora Rafaela pelo carinho e dedicação. Aprendemos muito. Eu não sabia fazer iogurte, também gostei do doce de leite de bolinha”, aponta, referindo-se à tradicional ambrosia.
Mais que qualificar, o programa Mulheres Mil, desenvolvido no IFS- São Cristóvão, tem permitindo às estudantes perspectivas reais de ganhos intelectuais e sociais. Os saberes prévios foram consolidados, mas novos conteúdos foram integrados ao cognitivo das mulheres, que, em suas comunidades, serão agentes multiplicadoras de conhecimento.
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