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IGUALDADE DE GÊNERO

Primeira turma de Energias Renováveis do 糵tem 70% mulheres

Criado: Terça, 22 de Dezembro de 2020, 18h23 | Publicado: Terça, 22 de Dezembro de 2020, 18h23 | Última atualização em Terça, 29 de Dezembro de 2020, 10h56

Participação feminina no cenário nacional é de apenas 14,4% nos cursos da Rede Federal e 4,6% nos cursos em geral

Por Carole Ferreira da Cruz

Mulher solar capaO primeiro curso Técnico em Sistemas de Energias Renováveis do estado, ofertado pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS) – Campus âԳ desde o início do ano, já começa com um diferencial: 70% da turma é formada por mulheres. O percentual é ainda mais significativo quando comparado à realidade nacional, em que a participação feminina cai para 14,4% nos cursos da Rede Federal e 4,6% nos cursos em geral.

O recorte de gênero na formação profissional em energias renováveis foi derivado de pesquisa junto aos egressos contratada em 2020 pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)  GmbH, e realizada pela Innovare Pesquisas. A GIZ mantém parceria com o Ministério da Educação (MEC) desde 2016, denominada Profissionais para Energias do Futuro, na tentativa de pensar soluções para suprir a demanda do mercado por mão de obra qualificada.

A aluna Heyshila Kleysla de Jesus está empolgada com o curso e já se imagina operando usinas solaresO caráter inovador e ambiental do curso – que no 糵nasceu integrado ao ensino médio -, aliado às boas perspectivas de emprego numa área em expansão, atraíram o interesse de adolescentes da região Sul em busca de um futuro promissor. As pioneiras na área de energias renováveis no estado são, em sua maioria, meninas de 15 a 17 anos oriundas de escola pública, que sempre se destacaram como alunas aplicadas. Em comum, elas têm o sonho de operar usinas e contribuir com o desenvolvimento sustentável do país.

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Apesar do impacto da pandemia de Covid-19 ainda no início das aulas, Heyshila Kleysla de Jesus Santos, 16 anos, está empolgada com as descobertas e o aprendizado até agora. “O curso está relacionado às placas solares, que são bem interessantes e me despertam a curiosidade de como funcionam, e também a diversos tipos de energia e ao meio ambiente. Estou amando a experiência. Não me arrependo de ter escolhido essa área”, comemorou.

A maior motivação da estudante Maria Laura Bispo é atuar num setor comprometido com o meio ambienteA maior motivação da sua colega de turma, Maria Laura Alves Bispo, 16 anos, é atuar num segmento comprometido com a pauta da sustentabilidade. “Além dos professores e das metodologias usadas por eles, o que me motiva é o fato de poder fazer a diferença trabalhando numa área que pode mudar como vivemos e como tratamos o nosso planeta, principalmente depois de ter visto vários vídeos de projetos utilizando fontes renováveis”, ressaltou.

Para a co-fundadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol) e tesoureira da Associação Brasileira de Energia Solar (ABENS), Aline Kirsten Vidal de Oliveira, a realidade de Sergipe mostra que as ações de divulgação de vagas estão chegando às mulheres e as encorajando a entrar no setor. “A maioria da população brasileira é feminina e também somos maioria no ensino superior, então não podemos aceitar ser minoria em nenhuma área, temos que conquistar nossos espaços”, destacou.

Mulheres de energia

AlineNa tentativa de incentivar adolescentes a seguirem profissões no mercado de energias renováveis, a MESol lançou no último dia 10 a , que contou com o apoio da GIZ, do MEC e do Ministério de Minas e Energia (MME). A ideia foi usar o depoimento de alunas do ensino médio, profissionais, pesquisadores e empresas para apresentar exemplos reais do cotidiano de mulheres que trabalham no setor para inspirar jovens a se dedicarem a essa área do conhecimento.

Criada em 2019 no Laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a rede MESol promove networking entre mulheres e atua na divulgação de oportunidades e na disseminação de conteúdo sobre equidade de gênero. “Quando as mulheres se conectam, elas passam a fortalecer-se umas às outras, seja por meio de compartilhamento de informações, indicações para oportunidades ou mesmo por conversar sobre os desafios que enfrentam no dia a dia e chegar a soluções juntas”, afirmou Aline Kirsten.

Capa SolarVários fatores explicam a baixa participação feminina no mercado de energias renováveis, mas o principal é o desconhecimento. Não saber que existem mulheres atuando na área impede que meninas vislumbrem essa opção profissional. “A conscientização ainda é uma ação primordial. É muito comum ouvirmos que não existe discriminação e que mulheres não entram na área porque não querem, mesmo com estudos e depoimentos apontando o contrário. Mobilizar mulheres a entrar no setor e mobilizar empresas a enxergar o problema para que tomem medidas em prol da equidade de gênero faz toda a diferença”, argumentou.

Sobre o curso

Roberto Macena um dos idealizadores do IFMaker em âԳO curso Técnico de Nível Médio em Sistemas de Energias Renováveis do 糵– Campus âԳ foi aprovado em setembro de 2019 com a oferta, inicialmente, de 40 vagas na modalidade integrada. Estão abertas as inscrições para o novo processo seletivo e mais 40 vagas foram ofertadas para ingresso em 2021.1. A carga horária é de 3.200h, com duração de três anos, e a grade curricular incluiu disciplinas do ensino médio e da área técnica.

O novo curso visa atender à crescente demanda do setor produtivo e da sociedade por abastecimento energético a partir de energias limpas e sustentáveis. A pauta da sustentabilidade está na ordem do dia e, por conseguinte, gestores públicos, empresários e instituições têm fomentado a eficiência energética e o uso de energias renováveis com alto potencial sobretudo no nordeste brasileiro, a exemplo da energia solar e eólica.

Empresas e instituições como o 糵– que começou a montar 22 usinas fotovoltaicas em seis dos seus nove campi -, têm buscado suprir a própria demanda energética de modo a impactar menos o meio ambiente e reduzir gastos com a conta de luz, ao mesmo tempo em que o governo tem adotado políticas de incentivo ao uso de energias renováveis. Até 2025, o país terá que duplicar a produção de energia e, ao mesmo tempo, contribuir com os esforços internacionais para minimizar o aumento nas emissões de gases de efeito estufa.

Sobre o mercado

Embora no Brasil o segmento de energias renováveis responda por mais da metade da produção de eletricidade, capitaneado pelas usinas hidrelétricas, em termos absolutos os potenciais de energia eólica e solar ainda não estão plenamente desenvolvidos e hoje contribuem com menos de 4% da produção de energia. A perspectiva é de amplo crescimento, mas para isso é fundamental atender a demanda do mercado por profissionais com novas habilidades e conhecimentos.

O cenário brasileiro reforça o protagonismo dos Institutos Federais e a importância do curso ofertado pelo IFS.  “Nosso projeto é ter iniciativas de energias renováveis em todos os campi para aproveitar as possibilidades locais, ofertar cursos de ótima qualidade e divulgar as tecnologias para a comunidade. Precisamos ampliar a oferta de cursos na área, assim como incentivar a participação das mulheres nesse movimento, pois igualar as oportunidades é de fundamental importância para um crescimento sustentável, democrático e justo”, enfatizou o coordenador do curso de Energias Renováveis do Campus âԳ, Roberto Macena.

*Com informações da Revista Profissionais para Energias do Futuro.

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