Projeto Mulheres de Peso promove reflexão sobre questões de gênero
Em sua terceira edição, evento contou com palestras, debates e concurso artístico para premiar alunos talentosos
Palestras, debates e concurso artístico integraram a programação do Projeto Mulheres de Peso do Instituto Federal de Sergipe (IFS) – Campus âԳ, que está na terceira edição. A iniciativa surgiu para promover no ambiente escolar uma reflexão sobre as questões de gênero, os desafios cotidianos enfrentados por homens e mulheres no enfrentamento de temas como machismo, desigualdade, violência doméstica, discriminação no trabalho e as conquistas alcançadas historicamente.
A aposta na arte como instrumento para empoderar e conscientizar tem agregado valor ao projeto. Nesta edição foi realizado o concurso Judite Melo, inspirado na artesã estanciana moradora do bairro Cidade Nova, onde está situado o campus, que é conhecida internacionalmente pelas suas peças sacras. Quatro trabalhos foram premiados pelo bom nível técnico, originalidade, criatividade e pertinência para o fortalecimento do tema e ficaram expostos no hall de entrada da biblioteca nos meses de março e abril.
Os alunos vencedores usaram a técnica desenho com grafite para abordar o tema ‘Mulheres na cidade: novas conquistas e grandes desafios’. Mateus dos Santos Severo, de Eletrotécnica, retratou a vereadora, socióloga, ativista e defensora dos direitos Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro; Karina Santana Góes, do curso de Engenharia Civil, pintou “Frida mulher de força”; Edson Carvalho dos Santos, de Edificações, e Mateus Batista dos Santos, apostaram na beleza feminina com “Vitória Star” e “God is a woman”, respectivamente.
Apesar da idade avançada, a artesã Judite Melo esteve no campus para prestigiar os trabalhos premiados, conversar com o público e receber as homenagens da comunidade. Na ocasião, foi apresentado um vídeo produzido pela comissão organizadora com o resumo das suas peças e trajetória e os alunos recitaram poesias. Participaram das homenagens servidores, estudantes e o Coletivo (Re)Exitir, grupo nascido no 糵que usa a poesia para promover reflexões sobre a negritude e a relação do jovem negro com o seu país, sua cidade e seu lugar no mundo.
Outro destaque desta edição do projeto foi a palestra “Família, saúde e construção de Gênero”, proferida pela advogada Valdilene Oliveira Martins, representante da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB-SE. A palestrante conseguiu uma ampla e entusiasmada participação da comunidade escolar e suscitou importantes debates sobre práticas e discursos socialmente construídos que reforçam a desigualdade e a injustiça nas relações de gênero.
“Foi excelente e muito proveitoso. Consegui fazer uma autoavaliação e repensar algumas situações reproduzidas no ambiente doméstico sem que nem percebamos”, destacou a professora Elaine Meneses Souza Lima. A estudante Roquissane Oliveira, 16 anos, do curso de Edificações, considerou o tema pertinente e esclarecedor. “Fiquei impressionada com as questões levantadas pela palestrante e a didática usada. Nós mulheres temos que nos valorizar, nos colocar e defender nossos direitos”, argumentou.
Integrante da comissão organizadora, a psicóloga Manuela Vilanova, da Coordenadoria de Assistência Estudantil (Coae), ressaltou que, apesar dos avanços conquistados historicamente, ainda há um abismo salarial entre homens e mulheres. “Nós, trabalhadores da educação, temos o dever de fomentar a reflexão acerca das conquistas que já adquirimos, mas também dos grandes desafios que se colocam cotidianamente e devem ser enfrentados. Acreditamos que a escola tem a função social de modificar valores e contribuir com identidades positivas”, afirmou.
O Projeto Mulheres de Peso surgiu em 2017 com a missão de incentivar a comunidade escolar a refletir sobre as questões de gênero e conta com a parceria da Coae, da Coordenadoria de Saúde Escolar (Cose) e da Assessoria Pedagógica (Asped). A programação é alusiva ao 08 de março, Dia Internacional da Mulher, data representativa da luta por igualdade de direitos. Em 08 de março de 1911, 146 pessoas, dentre as quais 129 mulheres trabalhadoras, morreram incendiadas numa fábrica nos EUA por questionaram as condições de trabalho desumanas e os baixos salários.
Judite Melo
Natural de âԳ e moradora do bairro Cidade Nova, Judite Melo é uma artista plástica autodidata que há mais de 50 anos se dedica a produzir esculturas em argila no estilo barroco com ênfase em imagens sacras famosas em todo o país. Muitas das suas peças circulam no exterior e são valorizadas por especialistas em arte. A escultora iniciou seus trabalhos em 1963, quando estava grávida de seu primeiro filho, ao tentar consertar uma imagem quebrada do menino Jesus para fazer um Presépio de Natal.
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