Campus âԳ realiza I Encontro com o Saber Ancestral
Inciativa surgiu da necessidade de refletir sobre as questões étnico-raciais no âmbito da Comissão Local de Heteroidentificação do IFS
* Por Carole Ferreira da Cruz
A Comissão Local de Heteroidentificação do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus âԳ promoveu na tarde desta quarta, dia 24, o I Encontro com o Saber Ancestral com professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Alexandre Eleotério, doutor em Ciências Sociais e em Política Social. A inciativa surgiu a partir da necessidade de refletir sobre as questões e desafios surgidos no âmbito da comissão, melhorar a formação dos integrantes e conhecer a fundo a realidade do racismo brasileiro.
A ideia é usar as tecnologias digitais para realizar encontros periódos com especialistas nacionais em questões étnico-raciais a partir da plataforma Google Meet. Para fortalecer ainda mais o processo de discussão e formação nessa temática, a comissão criou o grupo Yalodê de estudos das questões étnico-raciais, que pretende envolver não só servidores do campus, mas estudantes, colaboradores e todos aqueles que desejem se somar à causa do combate e da prevenção do racismo no ambiente escolar.
Segundo a realizadora do evento, a coordenadora da biblioteca Gilberto Amado, Ingrid Fabiana de Jesus Silva, a conjuntura racial brasileira exige das instituições de educação um envolvimento e compromisso maior rumo à superação das mazelas da escravidão. “É fundamental desenvolvermos a consciência sobre por que defender a causa da igualdade num contexto em que o negro no Brasil continua sendo massacrado, descaracterizado, invisibilizado, desprivilegiado, oprimido e violentado, refém do sofrimento, da desigualdade, da falta de oportunidade e da injustiça”, argumentou.
O encontro contou com a participação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), representado pela servidora por Ronise Ferreira, além de integrantes das comissões locais de heteroidentificação do IFS, e foi encerrado com um café de confraternização. “Foi extremamente positivo, pois começamos a construir algo em torno do fortalecimento das ações étnico-raciais no âmbito do instituto e de um sentido social e educacional que venha mostrar a pluralidade e diversidade cultural brasileira e enfatizar a sua importância na construção de um ser melhor”, ressaltou Ingrid Fabiana.
As ações de formação envolvendo os encontros no Google Meet e as discussões no grupo Yalodê buscam aprimorar a preparação da comissão de heteroidentificação do Campus âԳ, dar mais integridade às ações e fortalecer a representação negra, já que essas comissões ainda são formadas em sua maioria por pessoas brancas. A heteroidentificação é o procedimento complementar à autodeclaração de pertencimento étnico-racial para confirmação da condição de pessoa negra (preta ou parda) nas bancas de concurso público e processos seletivos em geral.
Sobre as comissões
A decisão de adotar a heteroidentificação nos processos seletivos do Instituto Federal de Sergipe cumpre uma exigência do Ministério Público Federal (MPF) e busca garantir que o acesso dos candidatos ao sistema de cotas étnico-racial seja o mais justo e idóneo possível. O 糵foi a primeira instituição de ensino do estado a adotar a heteroidentificação para ingresso de alunos que se autodeclararam pretos, pardos e índios, no ano de 2020. Desde então esse trabalho vem sendo aprimorado com o apoio das comissões locais nos campi.
A resolução que estabelece as normas para o funcionamento das comissões étnico-raciais foi construída com o apoio do movimento negro, representado pelo Instituto Braços e pelo Instituto Negro Beatriz Nascimento. A medida garante o direito, o reconhecimento cultural, a justiça, o respeito à diversidade, a adequação social e moral, em cumprimento às obrigações legais conforme prevê a Constituição, o Governo Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Ministério da Educação (MEC).
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