Campus 贰蝉迟芒苍肠颈补 recebe comitiva ind铆gena do povo Noke Kuin
Alunos e servidores se conectaram com a l铆ngua, cantos, rezos, m煤sicas, artesanato e medicinais da floresta dos povos origin谩ios
*Por Carole Ferreira da Cruz
A sabedoria de parte dos povos origin谩rios do Brasil foi compartilhada com a comunidade escolar do Instituto Federal de Sergipe (IFS) 鈥� Campus 贰蝉迟芒苍肠颈补 na 煤ltima quarta-feira, dia 16 de novembro. Alunos e servidores receberam a comitiva Varinawa do grupo Nane Sagrado, pertencente ao povo Noke Kuin do munic铆pio de Cruzeriro do Sul, no estado do Acre, que est谩 em visita ao estado de Sergipe para compartilhar sua cultura, tradi莽玫es e ritos de medicina da floresta.
O encontro possibilitou uma oportunidade 煤nica de conhecer a for莽a e a beleza da l铆ngua, cantos, rezos, m煤sicas e artesanato, al茅m de ter contato com a hist贸ria oral, as lendas e conhecimentos medicinais ancestrais dos Noke Kuin. O l铆der da comitiva, Variviny谩 Varinawa, falou em nome do seu povo, respondeu as perguntas e conduziu os presentes em c芒nticos, dan莽as e brincadeiras t铆picos da sua aldeia.
O interc芒mbio cultural foi possibilitado pela parceria do Instituto Xam芒nico Caminho do Sol e do Projeto Laborat贸rio de Hist贸ria (LabHist), coordenado pela professora Lorena Campello com o objetivo de desenvolver experi锚ncias pedag贸gicas em sala de aula a partir do uso de fontes hist贸ricas e das tecnologias digitais, numa perspectiva multidisciplinar. A ideia 茅 fortalecer inciativas como essa e incluir a intera莽茫o com os povos tradicionais na agenda escolar.
Ancestralidade brasileira
H谩 cerca de um ano Lorena vem trabalhando a quest茫o da ancestralidade brasileira nas turmas do ensino m茅dio e a experi锚ncia com a comitiva Varinawa foi resultado disso. 鈥淭emos buscando refletir com os alunos sobre a hist贸ria ind铆gena desde bem antes do processo colonizador europeu at茅 os dias atuais, por meio de fontes hist贸ricas e temas transversais, de forma interdisciplinar, e claro, atrav茅s de eventos como esse. O contato com as mais diversas etnias do nosso pa铆s 茅 important铆ssimo鈥�, avaliou.
Os estudantes dan莽aram, cantaram e ficaram t茫o 脿 vontade que pareciam conhecer os 铆ndios desde sempre. 鈥淔oi uma experi锚ncia incr铆vel, da qual eu nunca vou esquecer. Tirou todo o estresse e ansiedade que eu estava sentindo naquele momento. Foi uma das poucas vezes que eu fiquei s贸 de corpo e alma no momento presente, sem pensar no depois. S贸 gratid茫o鈥�, relatou Graziella Vit贸ria de Jesus Silva, do curso integrado de Eletrot茅cnica.
Os servidores tamb茅m foram contagiados pela energia ind铆gena, como o professor Jos茅 Arivalter Ara煤jo e a coordenadora da biblioteca Gilberto Amado, Ingrid Fabiana de Jesus Silva, que participaram at茅 o final da apresenta莽茫o. O semblante deles era entusiasmo, alegra e satisfa莽茫o. 鈥淔oi uma experi锚ncia maravilhosa, uma troca rica e inspiradora. Obrigada Lorena e parab茅ns pela iniciativa!鈥�, reconheceu Ingrid Fabiana.
Pela primeira vez no estado, o povo Noke Kuin veio a convite de Sol Bar茅, coordenador do Instituto Caminho do Sol, que desenvolve projetos para disseminar a cultura e a sabedoria dos povos tradicionais. 鈥淧recisamos dos ensinamentos dos estudantes e de voc锚s da escola. H谩 muito tempo que a arma dos 铆ndios para garantir seus direitos e o reconhecimento da sua cultura n茫o 茅 o arco e flecha, mas a palavra鈥�, enfatizou Sol, oriundo da etnia Bar茅, do Amazonas.
O l铆der Variviny谩 Varinawa falou da import芒ncia dos ind铆genas sa铆rem da aldeia para mostrar 脿s demais pessoas a sabedoria dos povos tradicionais. 鈥淣贸s somos os guardi玫es da floresta e ajudamos a preservar um patrim么nio que 茅 de todos n贸s, do 铆ndio e do branco. A gente contribui com o planeta e, em troca, os governantes precisam nos ajudar a continuar existindo e reverenciando nossos ancestrais, nossa cultura鈥�, ensinou.
Sobre o povo Noke Kuin
O povo Noke Kuin da Amaz么nia vive em terras ind铆genas nos munic铆pios de Cruzeiro do Sul e Tarauac谩, ambos localizados no norte do Acre, inserido no bioma Amaz么nia. Essa na莽茫o 茅 sobrevivente do Ciclo da Borracha no final do s茅culo XIX, per铆odo em que a popula莽茫o ind铆gena da regi茫o diminuiu drasticamente em fun莽茫o de doen莽as, dos anos de cativeiro e do trabalho escravo nos seringais.
As suas tradi莽玫es, no entanto, permaneceram e se fortaleceram nas 煤ltimas d茅cadas. Continuam preservados aspectos fundamentais, como alimentos, cantos, medicinas da floresta, l铆ngua, atividades tradicionais culturais e religiosas, de modo que esses povos origin谩rios vivem de maneira muito pr贸xima do cotidiano dos seus antepassados.
A comitiva Varinawa foi uma alternativa encontrada para disseminar sua cultura pelo pa铆s, o que inclui visita莽玫es a escolas, universidades e demais institui莽玫es. Al茅m disso, as jovens lideran莽as t锚m buscado as tecnologias digitais para fortalecer o interc芒mbio. Exemplo disso 茅 que os turistas usam o Instagram para agendar a participa莽茫o em atividades culturais na aldeia e os cantos ancestrais est茫o dispon铆veis no YouTube para que qualquer um possa acessar.
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