Campus Aracaju reúne representantes de quatro religiões em ato ecumênico
Amor ao próximo foi o tema de reflexão do evento este ano
A Direção-geral do Instituto Federal de Sergipe (IFS), campus Aracaju, realizou na manhã de sexta-feira, 29 de novembro, um culto ecumênico para celebrar o ano de 2019, evento que marca o início das confraternizações natalinas na instituição. O ato, organizado pela Assessoria de dzܲԾçã Social (Ascom) reuniu, pela segunda vez, representantes das religiões católica, evangélica, espírita e afro-brasileiras. Professores, técnicos administrativos, alunos e colaboradores participaram da celebração que este ano teve como ponto principal o amor ao próximo.
O culto foi conduzido pelo pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, padre Rinaldo Rezende Cardoso; pastor da Assembleia de Deus, Roberto Morais Oliveira; expositora espírita e promotora de justiça do Ministério Público Estadual, Euza Maria Gentil Missano Costa e o bàbalàse olùwanifòn, professor doutor Fernando José Aguiar, do Departamento de Museologia da Universidade Federal de Sergipe. A celebração teve a apresentação do cantor Ewerton Melo e do tecladista Anderson Vitório.
A reitora do IFS, professora Ruth Sales Gama de Andrade, os pró-reitores Ider de Santana Santos (Desenvolvimento Institucional), Alysson Santos Barreto (Ensino), Chirlaine Cristine Gonçalves (Pesquisa e Extensão) e o diretor-geral do campus São Cristóvão, Marco Arlindo Nery, acompanharam o evento.
O diretor-geral do campus Aracaju, professor Elber Ribeiro Gama, enfatizou em seu discurso de abertura que o culto ecumênico é um momento de reflexão, numa busca contínua pela melhoria da convivência laborativa e do clima organizacional por meio da aproximação com os ensinamentos divinos. “Como instituição de educação, o campus Aracaju não só debate a diversidade. Somos uma instituição que pratica a diversidade”, disse.
DIALÓGO INTER-RELIGIOSO
No início de sua fala, a expositora espírita, Euza Missano, destacou a disponibilidade de o campus Aracaju abrir as portas para cada representante religioso falar sobre o amor de Jesus. “Eu considero esse diálogo inter-religioso de fundamental importância nos tempos de hoje porque isso significa alteridade e respeito. Obrigada por oportunizar aos quatro representantes, da mesma cepa, de servirmos ao mestre Jesus nesse momento”.
A promotora de Justiça contou a parábola do Bom Samaritano para fundamentar a importância do tema amor ao próximo. “Com essa mensagem Jesus nos traz a essência maior do amor“, afirmou. Amar o próximo, segundo a expositora espírita, é doar-se em vida pelo bem do outro.
“A gente já consegue esse amor incondicional? Não! Estamos gradando ainda, mas um dia conseguiremos e teremos esse amor máximo, do Cristo. A vida não é competição. A vida é maratona. É persistência e coragem, não tem nada a ver com força, e quanto mais vezes a gente parar ao longo do caminho para dar a mão ao próximo, dedicar-se a alguém, mais meritória será a nossa medalha”, declarou.
Ao final de sua exposição, Euza Missano declamou o cordel sobre Respeito a diversidade, do poeta Braulio Bessa. “Eu reforço esse clamor para vocês: Se não der para ser amor que seja pelo menos respeito. Muita paz e um feliz Natal para todos”.
ATO DE AMOR
Participando pela segunda vez do culto ecumênico, o candomblecista Fernando Aguiar disse que através de um ato de amor é possível reconhecer que, para além da diferença, temos algo muito mais forte que nos une em relação a tantas coisas que nos separa.
“Para alguns povos africanos, entre eles os iorubas, eu só existo porque o outro existe, mas o outro nunca vai ser igual a mim, somos diferentes. Pela tradição filosófica ubuntu, eu só existo porque o outro existe e se o outro existe eu não posso abrir mão de quem eu sou, mas eu não posso impor a minha forma de ser ao outro”, justificou.
Para Fernando Aguiar o que define a organização da vida cotidiana e da sociedade é a ideia de familiaridade. Não a família constituída , tradicionalmente, pai, mãe e filhos, mas todos que estão no convívio e ocupam o mesmo território, ainda que sejam diferentes, não falem a mesma língua e cultuem ancestralidades distintas.
“Sejamos honestos e passamos a fazer ao outro o que desejamos que façam com a gente, mas não só entre os nossos iguais, também com os diferentes de cor, credo, concepção cultural, visão de mundo. Sozinho, conflitando, ninguém consegue ser feliz. A essência da felicidade é pautada no respeito, memória e no amor”, disse.
Em seu pronunciamento, o pastor Roberto Morais Oliveira agradeceu a experiência de participar, pela primeira vez, do culto ecumênico do campus Aracaju e reportou às palavras de Jesus para falar de amor ao próximo. “ Eu quero fundamentar a minha reflexão naquilo que Jesus falou no Evangelho narrado por São João , no capítulo 13, a partir do versículo 34. Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos ameis”.
Parafraseando este mandamento, o representante da religião evangélica falou que desde as tábuas da lei, quando Deus revelou acerca do amor, de como se deve tratar o próximo, que as pessoas entenderam errado porque encontraram a facilidade em amar quem nos ama e praticar a caridade como um gesto de retribuir a gentileza que recebe. “Fora dessa realidade as pessoas deixam imediatamente de amar, mas Jesus colocou-se como exemplo e disse: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Esse é o novo mandamento”.
Pastor Roberto ressaltou que até na hora da dor, Jesus fez o bem. “E dizia Jesus já na cruz: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Só dá amor quem tem amor, isso é fato! Jesus foi tão enfático nisso que também falou da recompensa, de como Deus reconhece gesto de amor para com aqueles que te fazem mal. Jesus disse: ainda que não haja recompensa nessa vida o vosso Pai celestial saberá recompensar na eternidade. Deus não esquecerá jamais do que você faz ao próximo”.
Antes de anunciar o Evangelho, padre Rinaldo Rezende relatou a sua emoção em estar no IFS, instituição onde o religioso estudou, de 1992-1995, e concluiu o curso técnico em Química na Escola Técnica Federal de Sergipe. “É bonito saber que esta instituição não está apenas preocupada com o intelectual, a instrução, mas também com encontros de reflexões que nos permite parar e olharmos para além de nós mesmos”.
Citando o capítulo 24, versículos 37 ao 44 do livro de São Mateus, o sacerdote explicou que o Evangelho descreve que Jesus encoraja os fiéis a ficarem atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor. “Esse texto emblemático, bonito, sobre a vinda do Filho do Homem, que eu escolhi para refletirmos, trata do Cristo que vem não apenas no Natal. Jesus já veio, virá uma segunda vez, como prometeu o próprio Cristo, e vem até nós todos os dias, não só na Eucaristia, mas em momentos como este”, disse.
Diante do tema amor ao próximo, padre Rinaldo afirmou que só consegue amar o outro quem é feliz. “Só quem é feliz pode amar de coração desprendido, o próximo. Jesus nos chama para a experiência profunda diante desta felicidade. Ele diz: amar a Deus e amar ao próximo. Bonito e importante isso porque Jesus iguala o amor a Deus ao amor ao próximo”, declarou. “Só seremos felizes juntos. Nessa relação de amar, se não for assim, dar a vida pelo outro, de nada vai servir a nossa existência. Será que estamos fazendo valer a nossa vida? Ou será que estamos aqui perdendo tempo da nossa existência com o egoísmo, rancor e tristeza?”, indagou.
LEGADO DE JESUS
Ao discursar, a reitora do IFS, Ruth Sales, parabenizou o diretor-geral do campus Aracaju, pela iniciativa em realizar o ato ecumênico e deixou uma mensagem de fé para a comunidade acadêmica, especialmente para os jovens. “A gente precisa amar, respeitar e olhar para o próximo. Vamos viver em plena alegria. Vocês jovens que por situações diversas se machucam, angustiam-se, acreditem em Deus, no amor e na vida. Que sejamos felizes não apenas no momento do Natal, que é um momento especial e de grande importância, mas que possamos perpetuar esse sentimento de alegria por toda a nossa vida”.
Ao encerrar o evento, professor Elber Gama lembrou que o maior legado da trajetória de Jesus é o amor ao próximo. “É preciso promover o bem e guardarmos os ensinamento do nosso maior professor, o senhor Jesus. É preciso compartilhar o bem. Faz-se necessário compreender e praticar o único sacrifício que Jesus nos pediu, amarmos uns aos outros”.
Para o diretor-geral do campus Aracaju, as palavras proferidas no ato ecumênico dão ânimo, esperança e confiança. “Reavivemos a vontade de prosseguir na nossa caminhada pedagógica, social e humana. Esse é um momento em que precisamos nos unir como irmãos e pensar como podemos fazer em 2020 melhor que 2019”.
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