Potencialidade da Comunidade Surda é discutida no IV Encontro de Libras do IFS
O evento realizado no auditório do Centro de Pós-graduação apontou diversas áreas em que pessoas surdas tem se destacado, entre elas o ambiente acadêmico e a economia criativa
Com o intuito de renovar o seu compromisso com a educação inclusiva, o Instituto Federal de Sergipe realizou nessa segunda-feira (22), a quarta edição do Encontro de Libras. O evento tem como missão dar destaque às pessoas surdas e aos trabalhos e atividades que desenvolvem, proporcionando um espaço de compartilhamento de êxito e favorecendo a criação de uma rede voltada à inclusão.
Compareceram à abertura do evento, o Professor Jaime Barros, representando a Reitora do IFS, professora Ruth Sales Gama; a professora Elza Ferreira Santos, em nome do Pró-reitor de Ensino, o professor Alysson Barreto, e a psicóloga Christianne Rocha Gomes, coordenadora do Núcleo de Acessibilidade e Educação Inclusiva (Naedi). Ainda na composição da mesa de abertura, estava Lucas Aribé, representante do Iluminar, instituto voltado à inclusão social de pessoas com deficiência e parceiro do 糵na realização dos encontros anteriores.
Para abordar o tema O universo da comunidade surda e suas potencialidades, a programação do evento foi dividida em dois turnos. Durante a manhã, foram realizados três momentos de conversa e um debate com todos os palestrantes convidados. A primeira discussão foi sobre Libras, abordando os desafios e perspectivas no ensino técnico e superior. As convidadas para este bate-papo foram a professora de Libras do IFS, Josilene Souza Lima Barbosa, que também já atuou na UFS, e a intérprete de Libras do IFS, Eliana Alves Batista Santos, ambas do Campus Aracaju.
Já a segunda palestra foi sobre o trabalho de conclusão de curso de Tânia Mara dos Santos Sampaio, graduada em Pedagogia pela UFS. Sob o título “A trajetória de vida em forma de monografia: Desafios e Superações”, a pedagoga falou ao lado da professora Margarida Maria Teles, professora do Departamento de Educação da UFS e orientadora do projeto, sobre a interação entre as duas durante todo o processo de escrita. “Ela me cobrava, chamava atenção para aspectos que precisavam de ajustes, mas sempre com muita compreensão e amor”, relembrou Tânia. Por sua vez, a professora Margarida comentou o método utilizado para o diálogo entre elas e o papel fundamental da intérprete de Libras Adriana Dantas. “Tânia gravava o vídeo, enviava à Adriana e só então eu recebia o questionamento. Até hoje tenho todos os vídeos. Essa dinâmica em equipe foi responsável pelo bom andamento do TCC”, enfatizou.
O último momento da manhã foi um bate-papo com representantes da Hands Up, uma startup criada com o intuito de impulsionar a economia surda: Breno Oliveira, empreendedor surdo da Il Sordo Gelato e co-fundador da startup e Silas Santos, head de tradução e interpretação de libras do projeto. Em sua fala, Breno Oliveira realizou uma série de provocações aos surdos e ouvintes presentes, sobre a necessidade de pensar ideias inovadoras. “Somos 11 milhões de surdos no Brasil e menos de 1% dos empreendedores do país. Precisamos propor, criar e o momento é agora porque o futuro é hoje e isso vale para todos aqui”, incentivou. Ele destacou ainda que além de estudos sobre como manter um negócio, é preciso perceber a tecnologia como uma grande aliada e adquirir conhecimento sobre linguagem de programação pode ser um diferencial.
Ainda, com o objetivo de fortalecer o aprendizado de sinais em Libras de departamentos institucionais, como Napne - Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas, e Naedi, também foram apresentados vídeos sobre sinais de cada campus do IFS.
Já no período da tarde, foram realizadas duas oficinas concomitantemente. Uma de Noções básicas de desenho, ministrada por Marcus Daniel Pinheiro Santos, egresso do curso integrado de Manutenção e Suporte em Informática do Campus São Cristóvão, que também teve sua arte exposta e audiodescrita no hall do auditório. Marcus Daniel divulga seus trabalhos no perfil do Instagram @mddesenhos8.
A outra oficina foi de Introdução à Libras, realizada por Bruna Santos, tradutora e intérprete de Libras do Campus Socorro, e por Guilherme Tenório, estudante do curso técnico em Suporte e manutenção de informática no mesmo campus. Além do momento de ensino de sinais básicos, os participantes foram incentivados a praticar.
Quem participou do encontro, acredita que a oportunidade de colocar as pessoas surdas em evidência promove mudanças positivas tanto na dinâmica de interação entre ouvintes e pessoas surdas dentro do 糵quanto fora do ambiente escolar. Domytilya Fernandes, Coordenadora do Napne São Cristóvão, destacou que foi um momento de troca de saberes. "O evento cumpriu seu papel de ponte entre a comunidade surda e ouvintes e nos fez refletir sobre o universo do surdo, não somente seus desafios, mas principalmente suas potencialidades e como elas podem ser trabalhadas", pontuou.
Para Rafael Lima, discente do curso de Letras/Libras da UFS, participar do encontro foi um despertar para oportunidades e aprendizados. Um dos momentos marcantes do evento, para ele, foi a discussão sobre economia. "Muitas vezes nós surdos não temos uma formação em economia financeira e ficamos atrasados nisso. Hoje aprendi o sinal do empreendedorismo e me sinto incentivado a conhecer a área", afirmou o estudante.
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