Alunos driblam a pandemia para manter os vínculos afetivos
Por meio de plataformas digitais, estudantes se reúnem, matam saudade e mostram que a escola é um espaço para construção de laços
Por César de Oliveira e Carole Ferreira da Cruz
Cálculos, seminários, listas de exercícios... Vida de estudante não é nada fácil. Porém, a escola é muito mais do que isso: é um espaço de construção de vínculos afetivos, através dos quais os alunos moldam sua personalidade, recebem e transmitem valores e se tornam agentes do mundo ao seu redor. A maior prova disso é que os estudantes do Instituto Federal de Sergipe (IFS) estão driblando o distanciamento social e se encontrando virtualmente para matar as saudades e continuar dando vazão à troca de experiências que é estar na companhia daqueles que o ambiente escolar colocou na nossa trajetória.
A aluna Vitória Pereira, do Campus Lagarto, por exemplo, conta que tem se reunido com alguns colegas de turma pelo Google Meet ou por videochamada no WhatsApp. Como estavam se sentindo sozinhos, o grupo de alunos, que está no último ano do curso técnico integrado em Edificações, resolveu marcar os encontros para colocar o papo em dia e afastar a negatividade desses tempos difíceis. Além disso, a garotada monta jogos interativos e se diverte à beça.
Os “rolês virtuais” deram tão certo que chegaram até a Europa, onde está Luciana Bitencourt, professora de química do campus que está cursando pós-doutorado em Portugal. “Nós sempre tivemos um carinho muito grande pela professora Luciana, desde quando ela nos ensinou. Então, já que ela está longe e nós também, resolvemos convidá-la para um encontro e, inclusive, jogar adedonha com a gente”, relatou Vitória, declarando que o 糵tem sido fundamental em sua formação, principalmente pelas pessoas que colocou em sua vida.
Leitores de livros, leitores uns dos outros
Fala-se muito que a pandemia distanciou as pessoas, o que evidentemente é uma triste realidade. No entanto, para um grupo de alunos e servidores do Campus âԳ, a reclusão imposta pela Covid-19 foi o pretexto necessário para a retomada de encontros que estavam pausados devido à correria das atividades rotineiras. Trata-se do Clube do Livro, que congrega membros da comunidade interessados em dividir experiências de leituras.
O clube surgiu em setembro de 2018, mas teve as atividades interrompidas porque os servidores precisaram priorizar outras demandas institucionais. Com a suspensão das aulas, um dos integrantes do grupo, o estudante de engenharia civil Davi Santos, ventilou a ideia de um encontro mensal, por meio de alguma plataforma de reuniões, para bater um papo sobre o que cada integrante estava lendo. A ideia foi prontamente abraçada pela equipe da biblioteca do campus e atualmente já estão pensando em mudar para a periodicidade quinzenal.
“Essa ação vai desenvolvendo no estudante a ideia de uma escola viva, que é muito mais do que o espaço físico. Uma escola onde ele se sente abraçado, pois constrói vínculos de saber e de amizades”, destacou a bibliotecária Ingrid Fabiana, ao afirmar, ainda, que nos encontros cada um fica à vontade para falar de suas leituras recentes. “Decidimos por deixar os encontros livres, leves, produtivos. É uma troca de experiências e de boas risadas”, enfatizou.
Para Davi, o que une os integrantes do clube são os afetos pelo ambiente partilhado por eles, do espaço físico da biblioteca (de onde eles escolhem muitos títulos a serem lidos) à afinidade no mundo das ideias. “A troca de vivências e interpretações que os encontros proporcionam nos aproxima mais uns dos outros e amplia o significado da escola para nós”, ressaltou o estudante.
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