Parceria entre 糵e Projeto Cuid4r vai confeccionar máscaras respiratórias
Feitas a partir de equipamentos de mergulho, as máscaras garantem tratamento sem intubação em pacientes com Covid-19 e ainda evitam a contaminação do ar
Por Anderson Ribeiro
Nesses tempos de pandemia, em que os casos de contaminação e mortes pela Covid-19 crescem a galope (somos o segundo país do mundo no ranking das nações nestes indicadores), parcerias como a firmada entre o Instituto Federal de Sergipe (IFS) e o Cuid4r - iniciativa que surgiu em março deste ano -, chegam para contribuir, junto aos centros de saúde, no combate a essa que já é considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) a maior crise sanitária mundial da nossa época.
A parceria visa a produção de máscaras respiratórias, a partir da adaptação de máscaras de mergulho do tipo CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) para serem utilizadas no tratamento, de forma não-invasiva, de pacientes com covid-19 que necessitam de respiradores. As máscaras adaptadas vêm num kit que conta ainda com um filtro HEPA (que elimina as impurezas do ar) e uma válvula PEEP (Pressão Positiva Expiratória Final) para ajudar na oxigenação dos pulmões. "Assim as máscaras podem ser ligadas à tubulação hospitalar ou mesmo a um cilindro de ar sem precisar de intubação", ressaltou Stephanie Kamarry, coordenadora geral do Cuid4r.
No meio de uma pandemia e o estado enfrentando problemas para a aquisição de respiradores, a produção do IFS, por meio do Inov@糵Lab e do Dinove (Departamento de Inovação e Empreendedorismo), vai ajudar os profissionais no enfrentamento à doença. "Os aparelhos CPAP produzem um fluxo contínuo de ar a uma pressão constante. Eles são normalmente o primeiro recurso usado pelo pessoal de emergência em hospitais para tratar problemas respiratórios, com o objetivo de evitar ao máximo a sedação e intubação. Em teoria um CPAP pode ser suficiente para pacientes que estão respirando normalmente, mas têm dificuldade em conseguir o oxigênio necessário', explicou Stephanie, que também é professora do curso de Engenharia Elétrica do Campus Lagarto.
A experiência com as máscaras adaptadas é animadora, de acordo com Leila Yoko, coordenadora de Marketing do Cuid4r. "Nos hospitais em que a Rede Maker nacional conseguiu colocar as máscaras CPAP, houve redução de 20% a 40% da taxa de intubação dos pacientes, isso aliviou muito a carga sobre os ventiladores mecânicos", disse. Os Makers, como são chamadas as pessoas que estão engajadas num movimento mundial que tornou a lógica do "faça você mesmo" um fenômeno tecnológico e coletivo, criaram soluções para ajudar na guerra contra o Coronavírus e encontraram em instituições como o 糵uma forma ampliar essa corrente do bem.
SOLIEDARIEDADE É CORAÇÃO BATENDO FORA DO PEITO
Como o próprio conceito diz, solidariedade é um ato de bondade e compreensão com o próximo ou um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos de um grupo. As pessoas que trabalham são, geralmente, voluntárias, como no caso das que fazem parte do Cuid4r. Com a parceria com o IFS, que para além de ser uma instituição de ensino público, gratuito e de qualidade, também cumpre um papel social diante da comunidade que ela assiste e da população do estado, é possível fortalecer esse propósito com a pretensão de atenuar, juntas, o impacto negativo causado pela Covid-19.
A primeira instituição a receber as doações será o HUSE, o Hospital de Urgências de Sergipe, e, em seguida, o Hospital de Cirurgia, ambos em Aracaju. "Estamos abertos a cadastros de outros hospitais e fechando uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju. Nossa intenção é, inicialmente, ajudar as instituições públicas do estado que atendam o SUS, ou seja, todos os leitos de enfermaria que atendem pacientes com a Covid-19. Mas podemos fazer para as instituições particulares desde que eles comprem todo o material para a confecção das máscaras", disse Stephanie Kamarry.
RESPIRADORES SÃO PULMÕES FORA DO CORPO
O Instituto Federal de Sergipe vai imprimir, em impressoras 3D, do Inov@IFSLab, a válvula que serve como adaptador da máscara à fonte de oxigênio. Ela separa o fluxo de entrada e saída do ar e permite a ligação dos instrumentos necessários ao pleno funcionamento da máscara. Além disso, como ela evita vazamentos, impede que o coronavírus seja disseminado, evitando a contaminação dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente.
Mas não há nada de novo. Esse é um tratamento já usado na medicina. Máscaras adaptadas foram usadas com muita eficiência na última pandemia do SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), mesmo não sendo recomendada pela OMS à época por emitir no ar muito aerossol contaminado com o vírus (que não é o caso dessas novas máscaras). Contudo, contribuiu e muito em casos de insuficiências respiratórias mais simples e sem o risco de contaminação. A grande contribuição dessas máscaras é que elas liberam os respiradores mecânicos para casos mais graves, além de não exigirem intubação, são muito mais baratas.
Porém, como não há financiamento assegurado, o Cuid4r mantém campanha de doações aberta para continuar contribuindo com os centros de saúde a salvar vidas. "É possível nos ajudar contribuindo financeiramente através de vaquinha online, transferência ou depósito, doando máscaras de mergulho easybreath, tornando-se voluntário ou divulgando a campanha para o máximo de pessoas que puder. O link da vaquinha é: Nossos contatos nas redes sociais são: Instagram e Facebook: @cuid4r. Já para realizar depósitos a conta é: BANCO DO BRASIL - CC: 16186-1 - AG.: 5657-0 - STEPHANIE K A SOUSA - CPF: 047.678.895-10", detalhou a coordenadora geral do Cuid4r e completou: "pretendemos salvar muitas vidas com a ajuda de vocês".
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